O café, seja amargo e adstringente, de sabor doce ou floral, torrado ou moído, é um elemento essencial na vida dos apreciadores. Visando o desenvolvimento desta cadeia produtiva no Distrito Federal, a Associação de Empreendedores de Café do Lago Oeste, Elo Rural, e a Emater-DF se reuniram para discutir o tema. Fundada em janeiro deste ano, a associação já conta com 26 membros. Entre as peculiaridades do grupo, todos os cargos de liderança são ocupados por mulheres.

Atualmente, o Distrito Federal possui 116 produtores de café atendidos pela Emater-DF, que cultivam o grão em uma área de aproximadamente 400 hectares. Durante a reunião, realizada na última terça-feira (25 de junho), as produtoras apresentaram amostras dos cafés produzidos por associados e promoveram rodadas de degustação. Elas também entregaram um documento com demandas do setor ao presidente da Emater-DF, Cleison Duval, e à diretora-executiva, Loiselene Trindade.

“A qualidade dos cafés do DF é excepcional. Temos produtores premiados internacionalmente, e nosso compromisso é fortalecer ainda mais essa cadeia produtiva. A união de esforços entre órgãos públicos e produtores é fundamental e essa organização por meio de associação facilita e fortalece o setor”, destacou Cleison Duval.

A vice-presidente da Associação, Flávia Penido, mencionou que alguns cafés de associadas foram avaliados por K.J. Yeung, Q-grader certificado pela SCA (Specialty Coffe Association) e receberam pontuações entre 82 e 86,6, em uma escala padronizada internacionalmente de 1 a 100. “Mesmo sem a separação dos grãos para o envio, nossos cafés já demonstraram excelente desempenho, favorecidos pelo clima e altitude do DF”, explicou Flávia, que iniciousua atividade há dois anos e está na terceira colheita. Ela obteve a pontuação mais alta.

A produtora e engenheira-agrônoma Roberta Sara, associada da Elo Rural, ressaltou a importância da Emater-DF no apoio aos pequenos produtores, especialmente no manejo orgânico e agroflorestal. “Para fortalecer a cafeicultura no DF, o envolvimento da Emater é fundamental”, enfatizou. Segundo ela, apesar da Associação ter o nome Lago Oeste, existem associados em todo o Centro-Oeste. “Escolhemos o nome Lago Oeste para homenagear a região onde a Elo Rural nasceu. Afinal, origem é assunto sério no mundo do café”, explicou Roberta.

Entre as demandas apresentadas pelo grupo estão um programa de incentivo à produção de café, o restabelecimento do Programa Brasília Qualidade no Campo, a Certificação de Boas Práticas Agrícolas, a realização de cursos de capacitação para produtores e colaboradores, apoio com crédito rural e a realização de um simpósio de cafeicultura. “A Elo Rural nasceu do atrevimento de pequenos produtores, principalmente mulheres, que decidiram colocar o Centro-Oeste no mapa mundial dos Cafés Especiais e viemos buscar apoio da Emater-DF”, afirmou a presidente da Associação, Lívia Tèobalddo.

A Elo Rural começou quando duas produtoras, Elenild Góes e Soraya Santos, buscaram informações em Minas Gerais e São Paulo, percebendo a necessidade de maior união entre os produtores. Com o apoio da Emater e um grupo inicial no WhatsApp, que começou com 10 produtores, o grupo de troca de informações sobre a cadeia cresceu para 165 membros, incluindo produtores, pesquisadores, baristas e representantes de instituições como Emater, Embrapa, Seagri, Sebrae e Senar.

“Essa integração entre os órgãos para construção de um setor da cafeicultura mais forte é fundamental. Sempre vejo de forma positiva essa união de esforços. Sobre a Elo Rural, essa iniciativa provocada por mulheres mostra a força da mulher no agro, que vem cada vez mais ocupando mais espaços e liderando mais movimentos visando o desenvolvimento rural das cadeias produtivas e também das comunidades”, afirmou Loiselene Trindade.

Emater-DF

Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.