Com registro na Dipova, a Granja La Rosa fornece para mercado formal e quer triplicar produção
Produtor rural André La Rosa coleta ovos caipira em sua agroindústria de pequeno porte de ovos. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
A vida do produtor rural André Luís Lima La Rosa deu um salto em pouco mais de sete anos, quando deixou a criação de cavalo crioulo no Rio Grande do Sul e decidiu se mudar para Brasília. Chegando à cidade, adquiriu uma propriedade no Núcleo Rural Nova Betânia, no Jardim Botânico, e há dois anos decidiu investir na avicultura. Não foi um processo fácil que levou André a ser proprietário da primeira granja avícola de pequeno porte do DF registrada na Diretoria de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal e Animal (Dipova) da Secretaria de Agricultura do DF (Seagri-DF). O registro foi finalizado em fevereiro deste ano e entregue durante a AgroBrasília, em maio.
André La Rosa exibe os certificados das capacitações feitas para se tornar avicultor. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
Ao optar pela criação de galinha poedeira, André buscou primeiro conhecimento por meio de cursos, capacitações e assistência técnica da Emater-DF. Dentre eles, o curso de Formação em Avicultor com o professor César Giordano, em São Paulo, e os de Boas Práticas de Fabricação e Como Montar uma Agroindústria, ambos promovidos pela Emater-DF.
“Já que era para fazer, decidi que tinha de fazer a coisa certa. Fui buscar conhecimento e fiz todos os cursos compatíveis com a parte de avicultura. Eu fui me programando e condicionando para adquirir mais conhecimentos para poder ter uma produção de sucesso”, afirma André La Rosa.
Galpão de produção da Granja La Rosa. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
Desde a decisão de se tornar avicultor até a formalização da Granja La Rosa, houve um período de dois anos. As atuais 300 galinhas poedeiras da espécie Embrapa 51 foram adquiridas há um ano. Esse plantel produz, atualmente, 240 ovos por dia. Com o registro da granja, André já pode comercializar a produção para mercados e lojas do setor.
“Todo produtor rural toma a grande decisão de saber o que ele quer da avicultura: criar galinha para produção de ovos, para comer ou de dupla aptidão. A partir daí a gente vai sempre aprendendo sobre sanidade, ambiência dos animais, vacinação e começar pequeno para ir aprendendo, pois, a avicultura exige todo um controle e dedicação diária com os animais”, disse André La Rosa.
Assistência técnica
Além dos cursos e capacitações para se tornar um ótimo avicultor com a marca de zero perda no seu plantel, André La Rosa contou ainda com uma importante aliada: assistência técnica e extensão rural continuada gratuita dos profissionais da Emater-DF. Esse trabalho aconteceu desde o início, primeiramente, com a gestora de Avicultura, Camila Ribeiral, que lhe ajudou com as orientações necessárias para a instalação do galpão de produção, como tamanho e estrutura, escolha da pintainha Embrapa 51 e todo o processo de criação, que envolve a vacinação, sanidade, tipo de cama, controle da água e alimentação.
Extensionista da Emater-DF, Paulo Álvares e o produtor rural André La Rosa em frente à agroindústria Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
Em seguida, a Equipe Especializada em Agroindústria da Emater-DF entrou em campo. O extensionista rural Paulo Álvares foi o responsável por acompanhar e conduzir o processo de formalização da Granja La Rosa.
“A Emater-DF foi quem viabilizou o registro da minha agroindústria de pequeno porte de ovos na Dipova-DF. Começamos a conversar e o Paulo me apresentou um projeto pioneiro com uma planta pré-aprovada, daí vi a oportunidade passando na minha frente, agarrei com as duas mãos e hoje é uma realidade”, conta La Rosa.
Segundo Paulo Álvares, é preciso ressaltar o trabalho anterior à formalização da agroindústria, que é uma consequência do crescimento da produção. “Teve um trabalho inicial onde foi implementada a qualidade do ovo. Com isso, surgiu a necessidade de comercializar essa produção por meio de uma agroindústria e culminou de ser num momento em que a metodologia de planta pré-aprovada construída pela Equipe Especializada em Agroindústria da Emater-DF tinha acabado de começar, o que agilizou todo um processo que geralmente é longo”.
Sem essa metodologia, o produtor tem que vencer etapas que passam pela apresentação de propostas de plantas que se adequam às suas necessidades, às exigências da legislação e cada passo até ser aprovado pela Dipova. Dessa forma, a escolha pela planta pré-aprovada quebra toda uma etapa demorada. De acordo com o extensionista rural, as fases mais difíceis são a construção da estrutura e o levantamento de toda a documentação exigida, que a Emater auxilia minuciosamente.
Para a analista de Desenvolvimento e Fiscalização Agropecuária da Dipova-DF, Maíra Barbosa, a celeridade no processo de registro do estabelecimento Granja La Rosa só foi possível porque desde 2021 vem sendo realizado um trabalho conjunto entre Seagri e Emater-DF com o intuito de ter plantas modelo pré aprovadas junto à Dipova. “Com isso, os estabelecimentos que realizassem a construção de acordo com os modelos aprovados não precisariam passar pelas análises completas de plantas e memoriais, o que costuma demandar mais tempo, tanto para a análise por parte do órgão distrital, como para as devidas adequações por parte do estabelecimento. Como a Granja La Rosa solicitou o registro baseado na Planta Modelos de Entreposto de Ovos, as análises foram reduzidas. O estabelecimento também respondeu às solicitações do serviço de inspeção de forma rápida, dessa forma o registro pode ser concedido em tempo recorde”, informou Maíra Barbosa.
André La Rosa higieniza botas e mãos para entrar na agroindústria Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
Só é vencida essa parte quando o órgão fiscalizador identifica que a agroindústria tem condições de seguir rigorosamente as exigências de sanidade do produto. O André La Rosa, que atualmente tem um funcionário registrado, precisa adotar todos os procedimentos que garantam um produto saudável para o consumidor. Tudo começa na entrada do galpão de produção, vestido de calça comprida, camisa e calçado com botas brancas, antes de entrar no local é preciso pisar na cal virgem, que possui ação inseticida e desinfetante. Dos ovos coletados, somente os ovos limpos vão para análise para identificar se estão trincados, os sujos são descartados. Para entrar na agroindústria, é preciso estar vestido com jaleco e lavar as mãos e as botas com água e sabão. Lá dentro é feita toda a análise individual dos ovos que serão embalados para comercialização, aqueles sem rachaduras ou trincas.
Comercialização
Pelo aparelho ovoscópio é possível conferir se o ovo possui trincas ou rachaduras imperceptíveis a olho nu. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
O próximo passo, também acompanhado pela Emater, é a fase da comercialização para que o crescimento da produção seja sustentável e tenha uma boa gestão financeira. Esse processo é desenvolvido pela Gerência de Comercialização da Emater-DF. Somente agroindústrias registradas podem fornecer para mercados e supermercados.
“Fico muito lisonjeado em saber que fui o primeiro produtor formal de granja avícola de pequeno porte do DF, uma vez que tem tanta gente no mercado e só eu consegui o registro. O que me coloca numa condição privilegiada para fornecer para o mercado local, pois quase todo o ovo vendido em mercados vem de outras cidades. Por isso, estou construindo meu segundo galpão pois quero aumentar meu plantel para mil aves e ter uma produção diária de 800 ovos, dessa forma poderei ampliar a rede de clientes e tornar a produção autossustentável”, informou André.
Ovos coletados na Granja La Rosa. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
A planta usada pelo produtor André La Rosa tem capacidade de receber até 3600 ovos diariamente, que é a capacidade permitida pela legislação do DF para agroindústria de pequeno porte de ovos.
Emater-DF
Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.
Emater-DF
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