Três jovens que participaram do programa de empreendedorismo e sucessão rural Filhos deste Solo, da Emater-DF, tiveram seus projetos selecionados para a segunda fase do programa de incentivo ao empreendedorismo inovador Start BSB. Ao todo, 702 ideias foram apresentadas. Destas, 300 foram aprovadas nesta fase inicial. Dos participantes que tiveram o projeto selecionado, 286 são do Distrito Federal, 13 do estado de Goiás e um de Minas Gerais.
Entre as iniciativas, três são de jovens que fazem parte da agricultura familiar do Distrito Federal. Yara Ballarini, 30 anos, inscreveu seu projeto de produção de cogumelos comestíveis e medicinais; Vitor Hugo Moraes de Lima, 34 anos, decidiu apostar nos projetos de sistema de aquaponia com monitoramento remoto em estrutura alternativa de bambu e bicicletas de bambu elétricas; e Sérgio da Costa Júnior, 33 anos, está investindo no projeto de adubação orgânica peletizada ou capsulada.
Para a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca, o resultado inicial com os jovens do campo é um grande incentivo para que outros moradores de áreas rurais invistam em seus projetos e busquem meios de realizá-los.
“O programa de empreendedorismo da Emater que esses jovens participaram tem o objetivo de levar conhecimento para que eles coloquem seus projetos em prática. Esse resultado mostra que muitos deles estão levando adiante a ideia, desenvolvendo projetos viáveis e lucrativos, que abrem um mundo de perspectivas econômicas para estes jovens, e isso é muito gratificante para todos nós”, ressaltou.
Com a vaga garantida para a segunda fase, as equipes empreendedoras das ideias selecionadas deverão elaborar e submeter até o dia 7 de dezembro um projeto de empreendimento, detalhando o plano de negócio executivo com o objetivo de demonstrar a viabilidade da solução. Durante a primeira semana de submissões, os participantes selecionados terão acesso a capacitações diárias e um workshop ao vivo para elaborar um projeto mais conciso.
Ao final, até 50 projetos serão contemplados com premiações de até R$ 70 mil em subvenção econômica, R$ 3,5 mil de bolsa por projeto, acompanhamento e suporte durante seis meses para o desenvolvimento da proposta e modelo de negócio, além do networking e acesso à rede de parceiros do programa. O programa Start BSB é promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), com apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, e operado pela Fundação Certi, entidade que busca soluções inovadoras para projetos públicos ou privados.
Conheça um pouco mais das iniciativas dos jovens do campo:
Adubação orgânica capsulada
Sérgio da Costa Júnior, 33 anos, é agroecólogo e estudante de Agronomia da Universidade de Brasília (UnB). A proposta apresentada é em parceria com outros estudantes e visa a elaboração de adubos orgânicos em formulação que atenda a necessidade nutricional das plantas e se adeque ao maquinário agrícola por meio da capsulação (transforma ou envolve os produtos em cápsulas) ou peletização (transforma o material seco em péletes).
De acordo com ele, por meio da técnica de peletização, é possível reduzir o volume dos adubos orgânicos. Morador da Colônia Agrícola Catingueiro, área rural da Fercal Oeste, Costa Júnior diz que um de seus desejos é se tornar um multiplicador de conhecimentos agroecológicos. Caso seu projeto chegue à final, ele pretende criar uma empresa para elaboração e comercialização do adubo.
“Se tudo der certo, vamos investir no desenvolvimento e marketing dos protótipos de adubos orgânicos. A ideia também é contribuir para a disseminação de conhecimento para diferentes agentes da agricultura familiar”, conta. Segundo ele, o projeto também contribuirá para valorização de produtos nacionais e reaproveitamento de resíduos de plantas e animais.
“Hoje os resíduos orgânicos são muitas vezes descartados de forma incorreta na natureza. Muitos macronutrientes estão dependentemente ligados a extração em jazidas em muitas correm riscos de escassez. O adubo químico quando utilizado no solo se dissolve com muita rapidez, ocasionando a perda de elementos essenciais ou o distúrbio nutricional nas plantas”, argumenta em seu projeto.
Cogumelos comestíveis
Bióloga com mestrado em ecologia, Yara Ballarini apresentou no prêmio o projeto Caliandra Cogumelos. Moradora no Núcleo Rural Córrego do Urubu, região do Lago Norte, seu negócio está situado em propriedade com vegetação nativa preservada com certificado de produção orgânica pela OPAC Cerrado, entidade certificadora ligada ao Sindicato dos Produtores Orgânicos do Distrito Federal (SINDIORGÂNICO). Yara utiliza energia solar em sua produção e destina seus resíduos para reciclagem.
No local, ela produz cogumelos comestíveis e medicinais orgânicos a partir da técnica chinesa Jun Cao, que visa a utilização de rejeitos da agricultura para a produção de alimentos. A partir de capim, serragem e outros rejeitos é possível a produção de alimentos de alto valor nutricional com baixo custo.
“A utilização de rejeitos de outras culturas proporciona engajar a comunidade produtiva, gerar renda alternativa e diminuir problemas de destinação de resíduos orgânicos”, acrescenta. Após fazer o curso de empreendedorismo Filhos deste Solo, da Emater-DF, conta ter organizado as ideias e colocado em prática o projeto.
Com sua estrutura já montada, Yara, caso seja uma das ganhadoras, pretende investir em capacitação técnica na área de cogumelos, aperfeiçoamentos por meio de cursos, consultorias na área de gestão de processos e também em maquinário, como uma ensacadeira e um freezer grande ou uma câmara fria para manter conservados os cogumelos. “Além do prêmio em dinheiro, sei que tem vários auxílios técnicos de outros órgãos, todo um programa de capacitação que também vai contribuir muito no meu negócio.”
Aquaponia com bambu
Por meio das iniciativas de fabricação de bicicletas de bambu elétricas e do Sistema de Aquaponia com Monitoramento Remoto em Estrutura Alternativa de Bambu, Vitor Hugo, que é artesão e construtor de arte com design em bambu, conseguiu ser aprovado para a segunda etapa com os dois projetos. Junto aos projetos da Bamburiti, empresa que trabalha com agroecologia, ele desenvolve também estruturas rurais construídas com bambu para agricultores familiares e realiza capacitações no local.
Vitor cursou os ensinos fundamental e médio em escolas públicas. Atualmente, cursa agronomia no Instituto Federal de Brasília (IFB). De acordo com ele, o recurso do prêmio vai permitir o investimento em equipamentos, em estrutura e em promoção e consolidação da marca em consolidar a marca.
“A gente vem de baixo. O nosso serviço e a nossa ideia é de alto padrão. Temos alguns concorrentes a nível mundial, de alto poder aquisitivo. Com esse recurso, a gente quer chegar de uma forma supermadura e concisa no mercado e se consolidar. Já ‘prototipamos’ tudo, já fizemos ensaio. O patrimônio imaterial, que é o conhecimento, nós temos e cada dia a gente tá aprimorando mais”, ressalta.
A aquaponia é uma técnica de produção de alimentos que visa reduzir o consumo de água, se comparada aos sistemas convencionais de irrigação, e promover o reaproveitamento integral do efluente gerado dentro do próprio sistema. O sistema é uma alternativa para o desenvolvimento rural sustentável na produção alimentícia da agricultura familiar. A ideia é alimentar os peixes e utilizar seus excrementos que são ricos em nutrientes para alimentar as plantas, que por sua vez filtram a água para o peixe.
Em 2018, a Bamburiti desenvolveu um temporizador de baixo custo configurável via aplicativo de celular e monitoramentos das variáveis via navegador de internet. A tecnologia, de acordo com Vitor Hugo, se aplica à agricultura familiar e funciona como monitoramento e controle da aquaponia. “Vem se apresentando como uma tecnologia viável para a pequena propriedade agrícola”, conta.
Empreendedorismo rural
O programa de empreendedorismo rural Filhos deste Solo teve suas primeiras turmas em 2019 e tem como objetivo apoiar a permanência dos jovens no campo, com condições dignas, por meio de incentivo na condução de negócios bem-sucedidos, dotando-os de competências e habilidades, com novas perspectivas culturais, sociais e empreendedoras dentro da própria comunidade.
A Emater-DF
Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF e Entorno. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.
Emater-DF
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