Governo do Distrito Federal
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19/02/16 às 11h05 - Atualizado em 29/10/18 às 11h36

Emater-DF e Embrapa dão dicas de combate ao Aedes em propriedades rurais

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A água é essencial para a produção de alimentos. Seja nos sertões do Seridó ou no interior baiano, a chegada da estação chuvosa significa abundância na lavoura e mais fartura na mesa. Mas é também nesta época do ano que aumentam os riscos de proliferação do mosquito da dengue. Alguns cuidados simples nas propriedades rurais podem evitar o surgimento de criadouros do Aedes aegypti, como explicam Roberto Carneiro, agrônomo da Emater-DF, e Francisco Schmidt, pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF). Os especialistas refutam o uso de plantas para repelir insetos e sugerem o manejo integrado como uma prática mais eficaz de combate ao mosquito.

 

Por ter capacidade de proliferar tanto em recipientes naturais como artificiais, o Aedes aegypti também pode ocorrer em áreas rurais. Embora o transmissor da dengue, chikungunya e zika seja considerado um mosquito doméstico, propriedades rurais contam com locais de riscos capazes de servirem como criadouro. Os especialistas salientam que mais eficiente do que combater os mosquitos com uso de inseticidas é tomar cuidados para que os focos não surjam.

 

Para o agrônomo Roberto Carneiro, o mosquito da dengue ocorre no meio rural, “especialmente em regiões onde a área rural é muito próxima às cidades como nas áreas periurbanas do Distrito Federal e muitas outras regiões do País”. O combate ao Aedes na área rural não difere muito dos cuidados que devem ser tomados na área urbana.

 

Embora o raio de voo da fêmea do mosquito raramente ultrapasse os 300 metros em regiões com aglomeração de pessoas, nas áreas sem barreiras pode chegar a 800 metros. “Além disso, os mosquitos são transportados por diversos meios com ajuda involuntária do homem”, salienta Carneiro.

 

Segundo Francisco Schmidt, a fêmea do mosquito tem a peculiaridade de alçar voos maiores quando está grávida. “Apesar de ter um alcance de voo de 300 metros, permanecendo próximo ao local onde nasceu, uma fêmea grávida pode voar até 3 km em busca de local adequado para a postura dos ovos. Uma fêmea pode dar origem a 1.500 mosquitos durante a sua vida. Na natureza, os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver até 450 dias fora d’água”, explica. Tais características aumentam a necessidade de os proprietários rurais identificarem possíveis criadouros para evitar a proliferação do mosquito.

 

O uso de plantas aromáticas para repelir insetos, como a citronela (Cymbopogon nardus e C. winterianus), não é considerado um método eficaz pelos especialistas. A prioridade deve ser identificar locais de risco para o surgimento de focos e eliminar os possíveis criadouros. “Para se livrar do problema, o certo mesmo é o saneamento, limpeza e eliminação de criadouros”, destaca Carneiro.

 

Outra medida pouco recomendada é o plantio da Crotalária como repelente natural do mosquito. “Tanto quanto outras flores, a Crotalária atrai insetos que por sua vez atraem libélulas. As libélulas são predadoras que comem todo tipo de inseto que possam predar, e não sendo o Aedes alimento específico dela, estes têm pouca chance de serem controlados por elas”, explica Schmidt.

 

“Ademais, o ambiente que as libélulas adultas frequentam normalmente é próximo de várzeas, brejos, córregos, rios e lagos”, complementa. Para o pesquisador, o mais importante é evitar a ocorrência de larvas nos potinhos, pneus, garrafas e outros dispositivos acumuladores de água esquecidos nos quintais.

 

Manejo integrado

 

A utilização conjunta de diversas ações para maior controle da população do mosquito é uma alternativa viável para evitar o surgimento de focos em propriedades rurais. “Entre as ações podemos citar a utilização de telas antimosquito nas portas e janela, cortinados, a inspeção e eliminação de locais que possam acumular água e servir de criadouro”, comenta Schmidt.

 

As medidas preventivas mais simples podem ser complementadas com a utilização de larvicidas biológicos e químicos em bebedouros de animais e outros locais com acúmulo frequente de água, assim como utilização de fumacê no controle de adultos em áreas muito infestadas. “Quanto mais dispositivos ou ações forem utilizadas no manejo integrado, maiores serão as chances de sucesso no combate ao mosquito”, salienta o pesquisador.

 

Ações para evitar a proliferação do mosquito da dengue em propriedades rurais

 

  • Inspecionar a propriedade rural e identificar locais de risco para proliferação do mosquito. Monitorar possíveis criadouros semanalmente;
  • Se houver plantas ornamentais (ex: bromélias) que acumulam água, inspecionar e aplicar larvicida se houver água parada;
  • Descartar as embalagens de insumos em locais apropriados, cobertos e secos;
  • Inspecionar os pesqueiros desativados e barragens;
  • Checar se cisternas, poços ou tambores para água estão tampados;
  • Inspecionar calhas e telhados;
  • Bebedouros de animais também devem ser checados, principalmente, se pouco utilizados. Se encontrar larvas ou pupas nestes locais, os bebedouros devem ser escovados e a água trocada, no máximo a cada cinco dias;
  • Evitar deixar baldes, carrinhos de mão e outros utensílios que acumulam água ao relento;
  • Inspecionar todas as áreas da propriedade, inclusive reservas legais, e retirar dos locais descobertos pneus velhos, vasilhames, garrafas, latas ou qualquer outro objeto descartado que possa acumular água;
  • Cavidades em cercas de pedra, muros, pedras, árvores e outros devem ser tampadas com barro ou cimento, de modo a evitar que coletem água.

 

Gustavo Porpino (RN 648JP)
Secretaria de Comunicação da Embrapa – Secom

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