O casal Anajúlia Heringer e João Sales possui uma propriedade no núcleo rural Tororó (região administrativa de São Sebastião) desde meados da década de 1990. Há pouco mais de dois anos, Anajúlia começou a investir no cultivo de baunilhas. Com apoio e orientação da Emater-DF, hoje ela já tem mais de 720 plantas — algumas já estão começando a florescer. A produtora, agora, espera começar a elevar a renda com a produção de favas, doces, sorvetes e outros alimentos a partir da baunilha natural, que possui um bom valor de mercado.
Com a intenção de formar um grupo de produtores com objetivos comuns, Anajúlia se reúne com outros produtores frequentemente. “O objetivo é criar uma organização rural, como uma cooperativa ou associação”, explica. Devido à crise sanitária, as reuniões têm sido realizadas de forma virtual.
“Estamos estudando como melhor estruturar o coletivo, como será o regimento, dentre outras coisas. Até agora somos dez pessoas e contamos com o apoio da Emater-DF”, completa a produtora.
O coordenador do Programa de Floricultura da Emater-DF, Carlos Morais, explica que a baunilha, na verdade, é uma orquídea. “É preciso paciência, pois a flor demora cerca de um ano para florescer e abre apenas durante um dia. No entanto, os lucros são muito bons”, atesta, lembrando que a maioria da baunilha vendida no mercado é de origem artificial. “A flor natural possui um aroma bastante característico e muito bom. É o segundo tempero mais caro do planeta, atrás apenas do açafrão espanhol”, continua Morais.
Morais explica que os custos de produção envolvem a instalação de estufas e suportes. “Como a baunilha é uma trepadeira, ela precisa ser plantada de forma que se apoie em alguma madeira, por exemplo. Além disso, a planta necessita de, no mínimo, 50% de sombreamento”, acrescenta. O extensionista da Emater-DF ressalta que a baunilha pode ser cultivada também em sistemas de agrofloresta. “É uma atividade que se adapta bem à agricultura familiar”, completa.
Origem
Um dos condimentos mais valorizados do planeta, a baunilha era bastante utilizada pelos povos astecas, que consumiam cacau saborizado com a fava. Durante o período de colonização, a orquídea foi levada para a Europa, onde teve alguma dificuldade para se adaptar, porém grande aceitação.
Atualmente, os principais produtores são Madagascar e Filipinas. O Brasil possui cerca de 30 espécies da planta, sendo que só no Cerrado, são cerca de dez. Carlos Morais lembra que a Embrapa Recursos Genéticos está trabalhando no melhoramento de algumas espécies locais.
Emater-DF
Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF e Entorno. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.
Emater-DF
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