Trabalho de assistência técnica e extensão rural da Emater-DF permitiu o acesso das agricultoras familiares ao programa

Extensionista rural Lídia Jardim com a produtora Madalena. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

Produtoras rurais de São Sebastião estão caminhando para a autonomia financeira após conseguirem acessar, de forma individual, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Mariazinha, Josiane, Cleudiane, Maria Aldenice, Maria Gorete, Maria Vanuza, Madalena e Anarlete são atendidas pelos extensionistas rurais do escritório local da Emater-DF, que reconheceram nelas a capacidade agrícola para fazer entregas regularmente ao programa.

Gerente do escritório local da Emater-DF em São Sebastião, Maíra Andrade, e a extensionista rural Roseli Oliveira com a produtora Mariazinha. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

Esse auxílio vai além do cadastro no PAA, orientação sobre cultivo, os produtos a serem entregues e a qualidade deles. Para além disso, as sete mulheres de São Sebastião foram orientadas a acreditar nelas mesmas, a confiar em suas capacidades de trabalho, na possibilidade de viver da terra e fazer projetos de uma vida melhor.

Josiane Costa Sobrinho, Maria Aldenice da Silva Araújo, Mariazinha Porto dos Santos, Cleudiane Porto dos Santos, Maria Gorete dos Santos e Maria Vanuza Lemos dos Santos são moradoras do Assentamento 15 de Agosto. Madalena Antonio Fonseca e Anarlete de Miranda Gouveia moram no Assentamento Nova Camapuã. Todas elas começaram a entregar no PAA Termo de Adesão, modalidade individual, em setembro e já estão recebendo valores referentes às primeiras notas emitidas, que totalizarão R$12 mil até o final do contrato.

Extensionista Roseli Oliveira orienta a produtora Maria Aldenice. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

Maria Aldenice é casada e tem cinco filhos, dois deles já moram sozinhos. Com ajuda do marido, cultiva hortaliças e frutíferas, como abacaxi, banana e maracujá, além de hortaliças como abóbora e mandioca. Até entrar no PAA, a família vendia a produção na feira local e para clientes fixos. No entanto, sobrava muita coisa, que acabava se perdendo. “Foi a minha primeira entrega, fiquei muito feliz. Eu perdia muito produto, agora a gente vende tudinho e o preço é maravilhoso. Meu projeto é investir esse dinheiro para fazer minha irrigação, que não tenho, e aumentar minha produção”, disse emocionada.

Aos 60 anos, Madalena Antonio Fonseca deu uma guinada na vida familiar ao aceitar o desafio de acessar o PAA. Antes plantava apenas para consumo familiar, mas com o apoio e trabalho da extensionista da Emater-DF, Lídia Jardim, passou a entregar alface, couve, cenoura, brócolis, limão e abacate para o PAA.

“As entregas mudaram muito a minha vida e da minha família. Ainda não sou aposentada, então esse dinheiro está ajudando a pagar as contas, que até então só tinha a aposentadoria do meu esposo. Já recebi R$1 mil em duas entregas, agora vou guardar para investir na produção”, contou Madalena.

Inclusão socioeconômica e segurança alimentar

A extensionista rural do escritório de São Sebastião, Roseli Oliveira, explica que o PAA oferece ao agricultor familiar uma oportunidade de ganho imediato, por isso, a Emater-DF trabalha para o acesso deles ao programa, auxiliando no cadastro, habilitação e produção, explicando o funcionamento do programa e emissão da nota fiscal.

“A gente enxerga uma oportunidade delas viverem da terra que elas acessaram, de poder cuidar da família e da questão alimentar. Sempre falo que é importante que elas cuidem primeiro delas e dos seus e, com isso, vão crescendo aos poucos e acessando outras políticas. É importante fortalecer o interior delas mesmas e de agarrarem essa oportunidade, que muitas vezes elas não percebem, não entendem como funciona, não acreditam muito. Aí a gente incentiva nesse aspecto”, falou Roseli.

Ainda grávida, Mariazinha foi tocada pelo incentivo de Roseli e decidiu trocar o serviço de diarista pela lida na terra. Não foi fácil vencer o desânimo e a descrença, apesar da vida dura de ter que deixar os filhos com cuidadoras, pagar transporte, trabalhar duro e ver a saúde se perder aos poucos. No entanto, foi a persistência da extensionista que encheu a produtora de entusiasmo.  Roseli literalmente pegou na enxada e ajudou a produtora a formar os canteiros, plantar, adubar e irrigar. Hoje, a filha caçula, Maísa, tem nove meses e a produção está farta: tem cenoura, alface, brócolis, cebolinha, salsa e vagem. No intervalo da amamentação e troca de fraldas, Mariazinha corre até a horta, aduba, irriga e colhe a produção orgânica, que entrega no PAA e coloca na mesa da família.

“Com o incentivo da Emater-DF decidi que não ia mais trabalhar para os outros, mas ia trabalhar para a família. Hoje ensino pros meus filhos o que aprendi com meus pais agricultores: que a gente pode viver da terra. Meu sonho é ver toda a família trabalhando e cuidando do que é nosso”, declarou Mariazinha.

O escritório local da Emater-DF em São Sebastião se empenha para incluir as mulheres agricultoras no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) por representar não só a inclusão socioeconômica delas, que gera autonomia, melhora da autoestima e da qualidade de vida familiar, mas também a segurança alimentar.

“São Sebastião está se consolidando como um polo regional de produção orgânica. Essas mulheres produzem alimentos saudáveis e com uma variedade incrível, que auxiliamos tanto na escolha dos produtos como no plantio. Assim elas entregam e consomem alimentos saudáveis, aumentando a possibilidade de consumo”, finalizou Roseli Oliveira.

Emater-DF

Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.