Governo do Distrito Federal
Governo do Distrito Federal
7/10/22 às 14h40 - Atualizado em 11/10/22 às 11h36

Produtores rurais aprendem a cultivar plantas medicinais em agrofloresta

COMPARTILHAR

Coordenado pela Emater-DF, curso de capacitação visa promover o autocuidado e o aumento da renda

 

 

Visando mostrar a possibilidade de cultivo de plantas medicinais integrado ao sistema agroflorestal, a Emater-DF realizou o curso de Capacitação de Plantas Medicinais em Agrofloresta. Voltado para produtores rurais cadastrados na empresa, a primeira parte do evento aconteceu no Sítio Geranium, tradicional na comercialização de mudas, plantas medicinais, verduras e legumes orgânicos.

 

Um dos pilares do treinamento é apresentar a possibilidade de extração dessas plantas de áreas agrícolas, ampliando as atividades rurais e a comercialização de produtos, tendo em vista uma potencial possibilidade de se tornarem fornecedores do sistema público de saúde dos governos federal e local.

 

De acordo com a engenheira-agrônoma e extensionista da Emater-DF Roseli Oliveira, a empresa vem desenvolvendo a atividade de cultivo de plantas medicinais e o curso foi pensado para mostrar aos produtores, na prática, que é possível integrá-lo num sistema agroflorestal. O curso foi realizado nesta quinta-feira (25 de agosto) e terá uma segunda parte no dia 31 de agosto.

 

“O cultivo de plantas medicinais não precisa ser feito de forma isolada, em monocultivo. É possível fazer uma integração de atividades. Além disso, é importante para a auto segurança do produtor, uma vez que as plantas medicinais têm esse aspecto do autocuidado desde que com conhecimento sobre as plantas. Também temos o desejo de que a política de ervas medicinais avance no DF e que os produtores sejam fornecedores do SUS, que tem uma demanda grande”, disse Roseli Oliveira.

 

A produtora rural do PAD-DF, Hélia Maria Barbosa Parente, contou que decidiu participar do curso para aprimorar e focar nas plantas medicinais, uma vez que descobriu no cuidar das plantas em geral uma prática terapêutica. “Depois de um longo processo depressivo, começar a mexer nas plantas me fez sentir melhor e sair das medicações pesadas. Os remédios antidepressivos me deixavam de cama, então, levantei a cabeça, pois aquela não era a vida que eu queria. Assim, há seis anos comecei a usar as plantas. Estou realizando um sonho antigo de morar num lugar em que eu pudesse montar uma horta orgânica e cultivar plantas curadoras”, afirmou.

 

O cultivo de plantas medicinais integrado a uma agrofloresta pressupõe a introdução dos fundamentos de sustentabilidade, agricultura orgânica, práticas ecologicamente equilibradas e em harmonia com a natureza. Nessa realidade, a proprietária há 37 anos do Sítio Geranium e anfitriã do curso de Capacitação de Plantas Medicinais em Agrofloresta, Maria Abadia Chaves Barberato, relatou que a proposta da propriedade é estar em constante integração com a comunidade, por meio da troca de conhecimento, e adotar práticas que respeitem os ciclos, a natureza e a mãe terra.

 

“A gente tem esse trabalho de comercialização de mudas, de plantas medicinais, de verduras e legumes orgânicos, então é muito bom saber que a gente pode somar e fazer um intercâmbio de conhecimento. Fazemos esse trabalho em saúde medicinal e nossa ambição é promover nas pessoas essa sede por qualidade de vida, de bem-estar, que é muito mais que a venda de ervas”, explicou.

 

Saber popular

As práticas medicinais dos povos e comunidades tradicionais e dos produtores rurais se estabeleceram usando as plantas e a natureza. A eficácia dessas práticas levou o Governo Federal, em 2006, a instituir a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que estabelece diretrizes e linhas prioritárias para o desenvolvimento de ações.

 

Produtora rural do Núcleo Rural de São Sebastião, Josefa Ataídes, nascida em Tocantins, sempre se tratou com a medicina da terra. “Tudo o que a gente precisava era tratado com plantas, emplastro, argila. Foi nessa medicina que eu cresci”. Foi na vida adulta, num momento em que os fitoterápicos não eram valorizados, que conheceu os remédios alopáticos. No entanto, foi após um problema de saúde que a vida lhe chamou de volta às suas raízes, quando fez uma reconexão com o seu autocuidado e começou a se dedicar exclusivamente ao cultivo de plantas medicinais.

 

“Nesse resgate, procurei voltar para o campo, fazer atividades relacionadas com a terra, plantar minha própria comida e fazer meu autocuidado com as plantas medicinais. É daí que vem esse conhecimento, que nunca acaba e nem está completo. A gente aprende todo dia. Descobri a necessidade de aprender os nomes científicos, pois via pessoas vendendo ervas diferentes com o mesmo nome. Por isso, ao longo dos últimos 20 anos acumulei vários certificados, leio e estudo bastante”, relatou Dona Josefa.

 

Mesmo com a experiência e conhecimento adquiridos, a busca por ampliar o saber continua. A “raizeira”, como se intitula, está fazendo o curso da Emater-DF. “Fiz um retorno para uma propriedade maior há 10 meses, ela está quase toda devastada e visualizei montar a minha floresta lá do Tocantins. Então agrego conhecimento com os ensinamentos da Roseli, da Fabiana. Cada escuta aviva uma memória afetiva. A gente sai daqui para voltar para a casa e aplicar esse conhecimento na agrofloresta que a gente está construindo, que hoje já conta com 130 variedades de plantas”, finalizou.

 

O curso está sendo moderado pelos proprietários do Sítio Geranium, Maria Abadia e Marcelino Barberato, pela extensionista da Emater-DF, Roseli Oliveira, e pela engenheira florestal e especialista em agroecologia e sistemas agroflorestais, Fabiana Peneireiro. A segunda etapa da capacitação será no próximo dia 31 no Sítio Semente, localizado em Sobradinho.

 

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal - Governo do Distrito Federal

Emater-DF

Parque Estação Biológica, Ed. Sede Emater-DF
CEP: 70.770.915 Brasília - DF Telefone: (61) 3311-9330 e (61) 3311-9456 (Whatsapp)
E-mail: emater@emater.df.gov.br