Assentados atendidos pela Emater-DF em Padre Bernardo (GO) alcançam bons resultados ao comercializar na Ceasa
Todas as sextas-feiras, por volta das 18h, um grupo de cinco agricultores do município de Padre Bernardo (GO) se reúne em uma van e percorre cerca de 110km em direção ao Mercado da Agricultura Familiar (MAF), na Ceasa-DF. Na madrugada seguinte, após pernoitar no alojamento do Centro de Capacitação e Comercialização (CCC), anexo ao mercado, eles montam suas barracas e vendem frutas, verduras e legumes. O grupo conseguiu o espaço graças ao trabalho do escritório da Emater-DF responsável pelo atendimento de assentamentos no município goiano, e já colhe os frutos dessa iniciativa, garantindo escoamento da produção, um público cativo e aumento da renda familiar.
Inaugurado em maio de 2015, o MAF possui cerca de 60 bancas de agricultores de várias regiões do Distrito Federal. “Quando ficamos sabendo da possibilidade de abrir o espaço, fizemos um convite aos assentados atendidos por nós em Padre Bernardo”, conta o gerente de Projetos Estratégicos Noroeste da Emater-DF, Álvaro Castro, que levou vários agricultores para conhecer o mercado, além de repassar orientações sobre como se cadastrar.
Desde que começou a atuar nos assentamentos de Padre Bernardo, em 2014, a Emater-DF já capacitou vários agricultores, além de ter elaborado mais de 40 projetos de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). No entanto, possibilitar a comercialização foi uma das etapas mais importantes do desenvolvimento das comunidades. “Quando abrimos esse tipo de espaço, os demais assentados se sentem incentivados a apostar em novas tecnologias e na organização social. Isso fortalece o grupo”, aponta Álvaro.
Atendimento — A Emater-DF atende a 29 assentamentos de reforma agrária em oito municípios goianos do Entorno do Distrito Federal. Destes, sete estão em Padre Bernardo e três em Cocalzinho — as dez comunidades são atendidas pela Gerência de Projetos Especiais Noroeste. O trabalho é feito por meio de um contrato com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Hortaliças, frutas, grãos, pecuária, avicultura e extrativismo são as principais atividades. Além da assistência técnica, a empresa já elaborou projetos de captação de água, aquisição de equipamentos e incentivo à organização social dos agricultores, o que tem alavancado o desenvolvimento da região.
Organização — A próxima etapa é formalizar a organização dos produtores, seja por meio de uma associação ou cooperativa. “Se estivermos unidos, será bem mais fácil conquistar espaços não só nos mercados e feiras como também nas compras do governo”, acredita a agricultora Maria Madalena Soares da Silva, do assentamento Vereda II.
Depoimentos
Maria Madalena Soares da Silva (Assentamento Vereda II)
Madalena veio do Piauí no começo da década de 1980 para estudar. Depois de trabalhar em residências e no comércio, ela decidiu apostar na roça. “Em uma padaria que trabalhei, aprendi a fazer pão, o que me fez retomar o gosto pela produção de alimentos”, conta. Há treze anos no Vereda II, a agricultora desenvolveu a habilidade de fazer queijo e requeijão, mas só vendia de porta em porta. “A Emater-DF nos ajudou a dar o pontapé inicial, conhecer as dificuldades do negócio, planejar melhor. Hoje, nosso produto tem mais valor e temos garantia de venda, quase como se fosse um salário. Conhecemos nossos clientes pelo nome”, comemora. Madalena enxerga ainda um espaço para a comunidade evoluir. “Temos a chance de trabalhar em conjunto. Podemos nos unir para dividir tarefas, como trabalhar na produção de farinha de baru, por exemplo, que é abundante na nossa região e tem uma boa saída aqui na feira. Tenho várias ideias”, sonha a agricultora.
Hélia Cristina (Assentamento Boa Vista)
A agricultora produz hortaliças, principalmente abóbora, berinjela, tomate e banana. Além disso, ela trabalha também com extrativismo — buriti, baru, jatobá, gabiroba, entre outros. “No começo, era muito difícil: a gente plantava, mas não tinha onde vender”, conta a goiana de Crixás, que herdou do pai o gosto por hortas. Cristina se especializou em técnica agropecuária, mas a assistência da Emater-DF é sempre bem-vinda: “Sempre estamos adquirindo conhecimento, o que só aperfeiçoa nosso trabalho”, finaliza.
Manuel Pires de Oliveira (Assentamento Vereda II)
Mineiro de Paracatu, Manuel cultiva feijão, banana, batata-doce, abóbora, quiabo e outras hortaliças. “Quando vim para Brasília, era empregado em fazendas de Brazlândia. Hoje, sinto que melhorou 90%, pois além de trabalhar no que é meu, consigo vender minha produção”, avalia. Para ele, uma das grandes vantagens do Mercado da Agricultura Familiar é o alojamento. “Evita um desgaste enorme. Se não fosse essa estrutura, teríamos que sair da roça às onze da noite para chegar aqui a tempo de montar as barracas”, explica.
Baltazar João Mendes (Assentamento Água Quente)
Para Baltazar, ter um ponto fixo é uma das grandes vantagens de poder vender na Ceasa. “Tenho uma clientela fiel, que já conhece meus produtos. Chamo meus clientes pelo nome”, conta. O agricultor mineiro, que mora em Brasília há mais de vinte anos, afirma que agora não tem mais a preocupação de escoar a produção. “A certeza de vender aqui no mercado me dá segurança e tranquilidade”, diz ele.
O Mercado da Agricultura Familiar funciona todos os sábados a partir das 5h
Rinaldo Costa
Assessoria de Comunicação – Emater-DF
Emater-DF
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