Produzir alimentos em harmonia com o meio ambiente é uma das estratégias incentivadas pela Emater-DF para uma agricultura sustentável
Usar o reflorestamento para a produção de alimentos ou a produção de alimentos como estratégia para o reflorestamento? As duas coisas podem andar juntas quando falamos de agroflorestas. A necessidade de recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal não precisa ser apenas uma obrigação legal. Dinheiro pode dar em árvore, basta associar a produção de alimentos com o plantio de espécies nativas e de outras de valor comercial.
A Resolução Conama nº 429, de 28 de fevereiro de 2011, prevê a possibilidade de cultivo nessas áreas em pequenas propriedades rurais ou posse rural familiar e, no ato do Cadastro Ambiental Rural, a Emater tem orientado os produtores sobre essa alternativa para regularização das pendências ambientais identificadas. Segundo o gerente de Agroecologia e Meio Ambiente da Emater, Marcos Lara, “essa é uma forma de estimular que aos agricultores recuperem suas matas e ao mesmo tempo tenham geração de renda em uma área a mais da pequena propriedade rural ou posse rural familiar”.
No Distrito Federal existem cerca de 50 produtores agroflorestais, com certificação orgânica ou não. Juã Pereira é um deles. Desde 2006 cultiva de forma agroflorestal no Sítio Semente e, com sua experiência, hoje dá cursos e recebe visitas de pessoas interessadas em adquirir conhecimento e trocar experiências.
Ele explica que o sistema agroflorestal imita a natureza. Cada inseto, fungo, bactéria, planta e animal possui com uma função a desempenhar, ajudando o sistema a evoluir. “Não existe receita ou modelo-padrão de uma agrofloresta. Existem os princípios que devem ser seguidos, mas os desenhos mudam de acordo com a destinação, a função da área, as condições encontradas e o interesse de cada agricultor. Algumas das espécies cultivadas são o foco de produção e outras são para compor a agrofloresta”, explica Juã.
Ele esclarece que quando se forma uma área de agrofloresta, ela é projetada para se manter produtiva por muitos anos e para produzir em camadas, formadas pelas alturas das diferentes espécies vegetais consorciadas. Na sua propriedade, dos seis hectares, três estão com cultivo em agroflorestal, com diferentes desenhos, idades e uma diversidade enorme de espécies por área. Em todos os canteiros existem as árvores nativas e exóticas e, em cada fase de desenvolvimento das plantas, há uma forma de cultivo diferente. No início, em que as árvores são mais baixas, é possível plantar hortaliças diversas, de forma consorciada. Na medida em que as árvores vão crescendo e sombreando os canteiros, opta-se por outras espécies como café, mamão, banana e citros. As árvores plantadas como mutamba, eucalipto, baru, jatobá, entre outras, podem servir para produção de alimentos ou biomassa.
A produção da propriedade possui certificação orgânica e é comercializada em 11 feiras no DF por meio do grupo de produtores Agro-Orgânica. Segundo Juã, a produção de alimentos acaba pagando o investimento da floresta e, por isso, ele acredita que a produção de alimentos é a melhor estratégia para incentivar o reflorestamento.
Carolina Mazzaro
Assessoria de Comunicação da Emater-DF
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